sábado, 2 de junho de 2012

Fragmentos Literários

Surge, claro sol, e mata a lua cheia de inveja, já doente e pálida de desgosto, vendo que tu, sua serva, és bem mais bela do que ela! Não a sirvas porque é invejosa! Seu traje de vestal é doentio e verde, e somente os bufões o usam. Rejeita-o! É minha dama! Ela é o meu amor! Oh! Se ela o soubera! Fala, entretanto, nada diz; mas que importa? Falam seus olhos; vou responder-lhes!... Sou muito atrevido. Não está falando comigo. Ditas das mais resplandecentes estrelas de todo o céu, tendo alguma ocupação, suplicaram aos olhos dela que brilhassem em suas esferas até que elas retornassem. Que aconteceria se os olhos dela estivessem no firmamento e as estrelas em sua cabeça? O fulgor de sua face envergonharia aquelas estrelas, como a luz do dia a de uma lâmpada! Seus olhos lançariam de abóbada celeste raios tão claros através da região etérea que cantariam as aves acreditando ter chegado a aurora!... Olha como apóia o rosto na mão! Oh! Quisera eu ser uma luva sobre aquela mão para que pudesse tocar naquele rosto!
 Está falando! Oh! Fala ainda, anjo luminoso! Porque esta noite apareces tão resplandecente sobre minha cabeça como um alado mensageiro do céu, diante dos olhos enlevados e maravilhados dos mortais que se inclinam para trás para contemplá-lo, quando ele galga as nuvens preguiçosas e navega no seio do ar.
 


                                                                                                                Romeu e Julieta - ATO II           

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